segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Oficinas de Moda: Mais que um Workshop!

"Do Velho Se Faz Novo"
A verdadeira caixinha magica

O que me induz a realizar este workshop e outros vindouros, vai para a além do aclamado “Tire proveito da crise” impresso nas capas das revistas de economia. É reviver uma memória doce de infância, é uma nostalgia alegre e quentinha.
Tive a melhor ama que alguma vez poderia ter, a minha avó paterna, que partilhou para além da sabedoria agreste, o dom da proactividade, palavra que ela nem sequer conseguiria pronunciar, mas que estava mais inerente nela do que em alguns dos meus professores de faculdade que teoricamente divagaram horas sobre este assunto. 
Ela guardava todas as camisolas de lá dos sete filhos, e essas mesmas camisolas eram o meu hobby matinal, ela deixava-me desfazer as camisolas. E como eu adorava desfaze-las! Aquele prazer agridoce que uma criança de quatro anos tem em destruir algo. Ia puxando pelo fio que se ia tornando interminável e a camisola ia desaparecendo. Ela fazia rolinhos com papel de jornal e depois pedia-me para enrolar o fio das camisolas desfeitas nesses mesmos rolinhos e organiza-los por cores. Dali resultavam imensos novelos, com os quais ela fazia magia. Fazia tapetes, mantas, almofadas, xailes e o meu primeiro acessório de moda; a minha primeira mala.

O meu primeiro acessório de moda: mala feita a partir de lã reutilizada.

Ela não fazia magia do acaso, tinha uma caixinha de madeira que eu invejava, onde guardava alguns novelinhos, as agulhas, o dedal, a tesoura e o mais importante; a gaveta dos botões. Botões que ela retirava de todas as peças sem serventia e guardava naquela gavetinha. Quando eu abria aquela gaveta e via o aglomerado de botões de todas as cores e feitios, ficava fascinada, e desejava-os, desejava-os tanto e não sabia sequer para quê.
Nos dias em que ela colocava a caixa na beira da janela, enquanto me contava histórias que nunca li em livros, eu encostava o cotovelo á caixa e ela caia á rua. Eu oferecia-me para ir apanhar tudo e enquanto apanhava os botões, guardava sempre um ou dois no bolso. Depois entregava-lhe a caixa direitinha, com as agulhas e os dedais de um lado, os novelos do outro e os botões coloridos na gavetinha, dois deles no meu bolso, ela sorria sempre e continuava a história.
Hoje, a caixinha mágica é minha. :)

Marisa Silva